Caro leitor,

Acredito que a interação de ideias faz parte do crescimento individual e coletivo, em toda extensão do conhecimento. Só cresce aquele que encontra o que busca e o mais importante: compartilha.
Suas opiniões serão bem vindas!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O avanço nas pesquisas científicas tem gerado possibilidades na melhoria da própria vida humana.

Pesquisas no tocante ao funcionamento do cérebro humano me fascinam, pois é nele que começa o princípio da propria vida. Uma pesquisa que vale a pena conferir:
AS MARCAS EMOCIONAIS DO MEDO

Circuitos neuronais, amígdalas e córtex auditivo garantem a formação de memórias associadas a emoções, como o pavor. Segundo o neurobiólogo Joseph Ledoux, professor da universidade de New York, a maior parte dos conhecimentos sobre as associações entre aquilo que sentimos e o que lembramos resulta dos estudos sobre condicionamento clássico: emite-se um ruído ou clarão ao mesmo tempo em que se aplica um choque elétrico (leve, mas incômodo) nas patas de um rato. Até certo número de aplicações, a cobaia reage automaticamente ao estímulo, mesmo na ausência do choque. Suas reações são características em todas as situações ameaçadoras: o animal se mobiliza, a pressão arterial e sua frequência cardíaca aumentam, e ele se sobressalta com facilidade. Esse tipo de condicionamento se dá ainda com rapidez em seres humanos. “Basta uma única experiência para criá-los e, uma vez estabelecidos, a resposta de medo associada a um som ou a um raio de luz persiste por um longo tempo”, explica LeDoux. Em compensação, se após o condicionamento o estímulo mais vezes ocorreu sem o choque, a reação do rato diminui. É o fenômeno da extinção: o cerebro “aprende” a controlar a reação de medo. Ainda assim a memória emocional não desaparece.

Estímulos exteriores, como odores e imagens, dirigem-se primeiro para o sistema límbico. Ele verifica o conteúdo e o teor emocional das informações, encaminhando-as para seus respectivos locais de armazenamento. Nesse processo, o hemisfério esquerdo fica responsável pela memória factual ou semântica. Nele são arquivados conhecimentos como os das quatro operações aritméticas e lembranças informativas, do tipo “Qual é a capital da Argentina?”. O hemisfério direito armazena memória autobiográfica ou episódica, associada aos sentimentos: as últimas férias, o semblante do nosso companheiro ou companheira, ou a lembrança de uma boa festa. Quando, porém, recordamos algo pessoal, também o hemisfério esquerdo participa. Pesquisadores supõem que tudo aquilo que, mais tarde, se deposita na memória autobiográfica passe antes pelo crivo da memória factual. Os lobos frontal e temporal evocam as informações armazenadas, estabelecem relações entre elas e as encaminham para os sistemas motores, ou seja, para os sistemas da ação. Assim é que o reconhecimento de um rosto amigo provoca um sorriso.

O AMANHÃ COMEÇA ONTEM

Precisamos de registros do passado para imaginar o futuro. Por estranho que pareça, para fazermos qualquer plano é preciso, primeiro: acionar os mecanismos da memória – as aréas do cérebro usadas para recordar e fazer projeções são as mesmas.
Por Thomas Grüter (médico especializado em distúrbios da memória) fisicamente, o homem vive no aqui e agora, mas em pensamentos está quase voltado para o que passou ou, com mais frequência ainda, para o amanhã. Quando repassamos nossa rotina diária mentalmente, anotamos os compromissos do mês na agenda, marcamos um almoço com amigos ou organizamos as férias, pensamos futuro – de forma bem concreta. Como nosso cérebro consegue realizar essa tarefa? Por mais paradoxal que pareça, antes de fazer qualquer planejamento é preciso relembrar. Segundo, neurocientistas, ao visualizarmos o que está por vir, utilizamos principalmente nossa memória.

Nos anos 80, psicológos já supunham que processos mnemônicos participavam da programação e visualização de acontecimentos. O pesquisador Endel Tulving, da universidade de Toronto, Canadá, defende em seu livro: Elements of episodic memory, de 1983, que nosso “arquivo de lembranças” nos torna capazes de realizar “viagens mentais no tempo.” Segundo ele, cada vez que nos recordamos de algo, recombinamos marcas mnêmicas, espécie de fiapos de memória, chamado engrama, e voltamos a memorizar o resultado. Esse processo é bastante semelhante quando imaginamos acontecimentos futuros dos quais pretendemos participar.

O cérebro grava informações pessoais na memória episódica ( hemisfério direito). É como se memorizasse curtos clips de cheiros, imagens, sons e sentimentos relacionados. Quando nos lembramos de algo, o sistema cerebral ativa esses elementos e os reagrupa. Assim, os engramas e suas referências voltam à consciência e são recombinados. A memória, portanto, trabalha de forma construtiva, gerando padrões de lembrança. Mas às vezes ocorrem erros, como demonstra o exemplo a seguir.

Ele: “ Que fim de semana horrível tivemos há alguns anos! Já na ida nosso carro quebrou. E durante a caminhada nas montanhas ainda fomos pegos de surpresa por uma tempestade e obrigados a passar a noite em uma cabana tosca.”

Ela: “Mas isso foi em duas férias diferentes! Você está fazendo confusão.”

Ele: “Você acha mesmo?”
Ela: “Sim, quando o carro quebrou nem chegamos à montanha, depois tivemos de levar o carro para o mecênico.”

Ele: “É mesmo, você tem razão.”

MISTURANDO FATOS

Assim como o personagem do diálogo fictício, todos nós estamos sujeitos a confundir lembranças de diferentes ocasiões. É só começarmos a contar, numa conversa entre amigos, sobre todas as cadásatrofe de diversas viagens de férias que tivemos que, em geral, os traços de memória já começam a se reagrupar sem que possamos nos dar conta desse processo. É por esse motivo e às vezes confundimos fatos e datas, pois a memória episódica não distingue vivências uma a uma, mas reúne fragmentos do passado que podem ser reativados por meio de determinados estímulos-chave.

SEMÂNTICA, EPISÓDICA, DECLARATIVA, IMPLÍCITA

A Memória humana forma uma complexa rede de sistemas interferentes entre si. Toda percepção ou ideia é inicialmente registrada apenas por curto período de tempo e depois esquecida ou transferida para a memória de longo prazo. Nela, podem se diferenciar três componentes: - a memória semântica inclui fatos, números, significados. Qual a capital da Argentina? Qual é a montanha mais alta do mundo? O que quer dizer implicíto? Quando eu nasci? Experiências pessoais, porém, raramente fazem parte dessa categoria. Já os fatos da própria vida quase sempre acabam caindo na memória episódica. Frequentemente nos lembramos de seu conteúdo sem os dados circunstanciais exatos – por exemplo, quando, onde e com quem aprendemos em que país fica Lisboa.
As memórias episódica e semântica muitas vezes são reunidas como declarativa. A princípio, ela congrega tudo o que foi aprendido e que pode ser expresso por palavras. Em contraposição, há a memória implicita para sequência de ações automatizadas: para amarrar nossos sapatos ou para escrever uma carta no computador não precisamos pensar na coordenação de nossos dedos – isso seria até mesmo um empecilho para tarefas cotidianas. Da mesma forma, também teríamos dificuldades em descrever com exatidão o que fazemos nesses casos, pois os seus respectivos programasa motores foram armazenados implicitamente pelo cérebro.
Será possível “localizar” essas diferentes memórias no cérebro? É possível que diferentes instâncias da memória guardem informações como “Lisboa é a capital de Portugal” recorrendo a mecanismos variados e “espaços” variados? Há algumas pistas sobre isso. Pesquisadores sabem que existem formas de perda da memória que atingem apenas um componente mnemônico, enquanto os outros aspectos permanecem intactos. Em 1997, Farraneh Vargha Khadem e seus colegas da university college, em Londres, relataram o caso de três crianças que, após sofrerem lesões cerebrais, passaram a apresentar amnésia anterógada: sua memória implicita e semântica estavam intactas, mas não conseguiram memorizar nenhum conteúdo episódico. Assim, elas continuaram aprendendo o conteúdo escolar de forma satisfatória, mas à noite já haviam esquecido que tinham estado na escola. E depois de curto período de tempo também não sabiam mais onde tinham deixado determinado objeto. Seu mundo consistia em uma estreita faixa de presente- o passado logo desaparecia na névoa do esquecimento.
Em outros casos, a memória semântica pode ser prejudicada, enquanto lembranças de vivências pessoais permanecem em grande parte intactas. Ou seja: as diferentes recordações do ser humano são amplamente separados mesmo do ponto de vista neuronal.

TIPOS DE PROCESSOS DE MEMÓRIAS

1 Memória intuitiva: (intuição, neste caso, significa intenção) quando pedi minha namorada em casamento.
2 Semântica: 7 X 7 = 49; Paris é a capital da França.
3 Episódica: a última noite das férias de verão; as mãos de meu filho...
4 Implícita: andar de bicicleta, o pulôver que dá coceira; trocar de marcha corretamente ao dirigir; escovar os dentes.

Ao longo do tempo, as lembranças empalidecem e perdem sua riqueza de detalhes, mas o quadro geral permanece.

O que o cérebro faz quando nós não fazemos nada?
Pesquisadores coordenados por Malia Mason, do Dartmonth College, em Hannover, USA, descreveram um estado no qual o cérebro entra quando não tem nenhuma atividade para solucionar, é o modo default (default mode). Os padrões observáveis de excitação nessa condição correspondem amplamente àqueles visiveis durante o planejamento do futuro ou uma lembrança pessoal. O denominador comum é, supostamente, um deslocamento da atenção do mundo exterior para o interior, imaginário.
Afinal, a memória sádia não tem a ver com a retenção daquilo que é significativo, mas também com a habilidade de esquecer o que não tem tanta importância para que outras lembranças se instalem.
Fonte: Revista Mente&Cérebro - Glaúcia Leal.

Vale a pena colocar na íntegra a entrevista Yves de La Taille, elaborada por Natalícia Alfradique.

Yves de La Taille, psicólogo especializado em desenvolvimento moral, fala sobre como, apesar da crise por que passam, sobretudo na família e na escola, a moral e a ética continuam a ser pontos fundamentais na educação e desenvolvimento das crianças.
Educar. Palavra de apenas seis letras que traz consigo um amplo leque de responsabilidades que deixa qualquer pai ou educador que se proponha à árdua tarefa de ensinar uma criança a trilhar os caminhos do mundo inseguro. A violência, a falta de respeito e o individualismo — algumas das marcas registradas dos dias atuais — levantam questões sobre como andam e como transmitir dois conceitos fundamentais da boa educação e do convívio social: a moral e a ética.
Para Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a situação do mundo hoje é paradoxal. "De um lado, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Mas, de outro, tem-se a impressão de que as relações interpessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia", afirma.
La Taille nasceu na França, mas, desde criança, vive no Brasil. É professor de Psicologia do Desenvolvimento Moral na USP. É co-autor dos livros Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão, Indisciplina na Escola (Summus Editorial) e Cinco Estudos de Educação Moral (Casa do Psicólogo) e autor, entre outros, de Limites: Três Dimensões Educacionais (editora Ática). Investiga o desenvolvimento moral desde a década de 80 e é um dos especialistas mais respeitados do país nessa área.
Segundo ele, a crise moral e ética atinge tanto a escola quanto as famílias, e uma empurra a responsabilidade da educação das crianças para a outra. "Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina", diz. Mas completa que tanto uma quanto a outra têm grande responsabilidade no desenvolvimento moral e ético das crianças.
Leia a seguir a entrevista com o professor.
A definição de moral e ética é muito discutida atualmente. Como você define cada uma delas?
Entre as alternativas de definição e diferenciação entre os dois conceitos, eu tenho empregado estas: moral é o conjunto de deveres derivados da necessidade de respeitar as pessoas, nos seus direitos e na sua dignidade. Logo, a moral pertence à dimensão da obrigatoriedade, da restrição de liberdade, e a pergunta que a resume é: "Como devo agir?". Ética é a reflexão sobre a felicidade e sua busca, a procura de viver uma vida significativa, uma "boa vida". Assim definida, a pergunta que a resume é: "Que vida quero viver?". É importante atentar para o fato de essa pergunta implicar outra: "Quem eu quero ser?". Do ponto de vista psicológico, moral e ética, assim definidas, são complementares.
Alguns estudiosos definem como uma característica da pós-modernidade a crise nos valores morais e éticos por que passam as civilizações, principalmente as ocidentais. Outros falam até em ausência total da moral nas relações entre as pessoas nos dias de hoje. A que você credita essa crise? É possível vivermos sem moral e ética?
A situação parece-me de certa forma paradoxal. De um lado, pelo menos no mundo ocidental, verificamos um avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos. Logo, desse ponto de vista, saudosismo é perigoso. Mas, de outro lado, tem-se a impressão de que as relações interpessoais estão mais violentas, instrumentais, pautadas num individualismo primário, num hedonismo também primário, numa busca desesperada de emoções fortes, mesmo que provenham da desgraça alheia. Assim, penso que, neste clima pós-moderno, há avanços e crise. É como se as dimensões política e jurídica estivessem cada vez melhores, e a dimensão interpessoal, cada vez pior. Agora, como não podemos viver sem respostas morais e éticas, urge nos debruçarmos sobre esses temas. De modo geral, penso que as pessoas estão em crise ética (que vida vale a pena viver?), e essa crise tem reflexos nos comportamentos morais. A imoralidade não deixa de ser tradução de falta de projetos, de desespero existencial ou de mediocridade dos sentidos dados à vida.
Então, essa crise das questões morais e éticas tem relação direta com a violência, o desrespeito, o individualismo, etc. vividos atualmente?
Veja: se o projeto de vida de alguém for, como é freqüente hoje em dia, ter muito dinheiro e glória, esse alguém tende a ver as outras pessoas como adversários (o dinheiro não dá para todos) ou como súditos de seu sucesso. Nos dois casos, são instrumentos de seu projeto. Manipula-os quando necessário, elimina-os quando não pode manipulá-los. Eis a violência instalada. Muitos valores presentes na sociedade contemporânea levam a relações fratricidas, e a violência no interior da própria comunidade passa a ser vista como modo inevitável de convívio e qualidade dos "fortes".
É interessante observar como muitos anúncios de propaganda, na televisão e no rádio, apresentam relações sociais competitivas, rudes e violentas, e isso para vender serviços telefônicos, carros, vídeos, etc., ou seja, objetos ou serviços nada bélicos.
De que maneira essa crise afeta as relações na escola e na família?
Ela afeta todas as relações e, por conseguinte, aquelas que unem a família e a escola. Nesse caso, o que se verifica é a constante delegação de responsabilidade a outrem — da família para a escola e vive-versa — e também a constante acusação mútua de incompetência ou desleixo. Muitos professores acusam os pais de não darem, por exemplo, limites a seus filhos, e muitos pais acusam a escola de não ter autoridade e de não impor a disciplina.
E a quem cabe a parte mais importante da formação moral e ética das crianças, à escola ou à família?
Não penso ser possível estabelecer hierarquia. Ambas as instituições são fundamentais para a educação moral e a formação ética. Logo, devem trabalhar em cooperação, completando-se mutuamente.
Em seu livro Limites: Três Dimensões Educacionais, você sugere a retomada da discussão do "contrato social" entre os indivíduos nos projetos educacionais como forma de melhorar as relações da comunidade. Qual é a melhor maneira de fazê-lo na realidade da escola brasileira?
Sabe-se que a melhor, para não dizer a única, forma de ter sucesso na educação moral, na formação ética e na pacificação das relações é, no seio da escola, trabalhar a qualidade do convívio social entre seus membros (professores, alunos, funcionários e pais). Logo, em vez de limitar-se a impor inúmeras regras, é melhor a escola deixar claro, para todos, os princípios que inspiram a convivência social. A elaboração de regras — que pode ser feita pela comunidade como um todo — será derivada da apreciação desses princípios. Eis o que se pode chamar de discussão do "contrato social".
No mesmo livro, você afirma que existe uma contradição, na qual se verifica, ao mesmo tempo, a falta de limites em muitas pessoas (e não apenas nos jovens, como reza o senso comum) e que o excesso desses limites também sufoca a maioria delas. Qual é a medida certa para transpor alguns limites e amadurecer e como impor limites que permitam a vida em sociedade?
A questão pode ser retomada por meio dos conceitos de moral e ética. A moral trata de limites no sentido restritivo (deveres). A ética, por remeter a projetos de vida, trata dos limites no sentido da superação, do crescimento, da busca de excelência. Ora, se há excesso de limites, em breve, se a sociedade, em vez de estimular o crescimento, valorizar a busca de uma vida que não vá além do mero consumo e que se contente com o aqui-agora, com a mediocridade, ela vai prejudicar a perspectiva ética e, conseqüentemente, a perspectiva moral. Uma pessoa somente agirá moralmente se vir, nesse tipo de ação, a tradução de uma vida que vale a pena ser vivida. Como a moral impõe restrições à liberdade, uma pessoa somente vai aceitar tais restrições se fizerem sentido num projeto de vida coletivo e elevado.
Numa palestra, você afirmou que, em sua maioria, os pais de hoje foram os filhos, nas décadas de 60 e 70, que lutaram com todas as forças contra a repressão, por isso, às vezes não impõem os limites corretos aos filhos por terem medo de parecer "autoritários". Como fazer para dosar a disciplina em casa e transmitir os valores éticos corretamente sem parecer antiquado?
O medo de ser autoritário é um sentimento importante. Mas o que é autoritarismo? É impor regras injustas, arbitrárias. É impor regras — mesmo que boas — negando à pessoa que deve obedecê-las a possibilidade de compreender sua origem e sentido. Exercer autoridade é outra coisa. Para tanto, as regras colocadas devem ser justas e devem também ser explicadas. Um bom exemplo de relação com autoridade é a relação que temos com um médico: seguimos suas prescrições porque o consideramos como representante de um conhecimento legítimo, inteligível (por mais difícil que seja) e que pode nos fazer algum bem. A relação de autoridade, seja na família, seja na sala de aula, deve seguir essa mesma lógica: os pais ou os professores devem ser reconhecidos como pessoas que detêm conhecimentos legítimos e necessários ao pleno desenvolvimento das novas gerações. Assim sendo, é claro que a moral (o respeito pelo outro) e projetos éticos de crescimento pessoal e social correspondem a valores preciosos para a vida. A criança começará a pensar neles referenciada em figuras de autoridade e, quando conquistar a autonomia, vai se libertar da referência à autoridade certamente com gratidão.
Você acredita que a violência a que estão expostos os jovens — através da TV, videogames, etc. — pode por si só influenciar e tornar as crianças violentas ou isso pode variar de acordo com os valores morais implícitos?
É uma questão difícil de ser respondida e sobre a qual não temos dados confiáveis. A meu ver, não é tanto a exposição a cenas de violência que pode causar comportamentos violentos, mas sim o sentido dado a elas. Se filmes mostram a violência como recurso último, cujo uso segue certas balizas morais e cujo objetivo é, ele mesmo, moral (lutar pela justiça), é uma coisa. Agora, se glorificam a violência em si, se a colocam a serviço do próprio prazer, se a colocam como primeira opção de resolver conflitos, é outra coisa. No primeiro caso, a violência é apresentada com crítica, no segundo, não. Isso pode exercer uma influência sobre o sistema de valores de jovens. Mas é preciso lembrar que há tantas variáveis e influências em jogo que não se pode eleger os meios de comunicação e entretenimento como grandes vilões.
Título: Limites: três dimensões educacionais
Autor: Yves de La Taille
Editora: Ática

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Poema: "Pessoas são dons" uma reflexão com enfoque no relacionamento pessoal.

Pessoas são presentes que chegam a mim embrulhadas.
Umas são presentes que vêm num embrulho bem bonito: são atraentes logo que as vejo.
Outras vêm em papel bastante comum.
Outras ficaram machucadas no correio.
De vez em quando chega uma registrada.
Umas pessoas são presentes que vêm em invólucros fáceis.
Outras é bem difícil de tirar a embalagem.

Porém, a embalagem não é o presente.
É fácil fazer este erro...
ÁS vezes o presente não é muito fácil de abrir...
Precisa-se da ajuda de outras pessoas.
Será que a razão é o medo?
Será que é o ódio?
Talvez já tenham sido desembrulhadas e o presente jogado fora.
Pode ser que este presente não seja para mim.
Eu sou também uma pessoa. Por conseguinte, também sou presente.

Um presente a mim mesmo, antes de tudo.
Já olhei para dentro de minha própria embalagem.
Talvez nunca tenha aceitado o presente que sou...
Pode ser que dentro da embalagem haja algo diferente do que eu penso.
Talvez eu nunca compreendi o presente maravilhoso que sou...
Eu adoro os presentes que aqueles que me amam dão a mim.
PORQUE NÃO AMO O PRESENTE, ESTE PRESENTE, A PESSOA QUE SOU?

Sou um presente às outras pessoas.
Estou pronto para ser dado pelo Pai aos outros?
Será que os outros têm de ficar contentes só com a minha embalagem?
Será que nunca chegarão a gozar do presente?
Cada encontro de pessoas é uma troca de presentes.
Mas o dom sem doador não é mais dom...
É somente uma coisa vazia, sem relacionamento entre doador e o receptor.
A AMIZADE é um relacionamento entre doador e pessoas que se vêem a si mesmas como realmente são.
Dons do Pai um ao outro... IRMÃOS.

Simplesmente Amo!

Amar, verbo intransitivo quando solitário... (Eu amo)
Amar, verbo transitivo quando acompanhado... (Eu amo a minha família), porém,
Se a intensidade for a sua meta, diria que não é mais o verbo e sim, o substantivo amor,
(O amor enobrece a alma);
Abstrato, ou não, todos em algum ponto da vida o sentirão!!!
Há aqueles que se intitulam ou rotulam alguém de amorzinho, diria então, que já não posso classificá-lo de substantivo e sim, de um adjetivo... ( Ela é um amorzinho).
Por isso, amo a nossa língua que é capaz de transformar uma só palavra em diversas classes gramaticais e determinar várias funções:
-Se verbo, o núcleo do predicado....
-Se substantivo, o núcleo do sujeito ou dos objetos...
-Se adjetivo, um adjunto adnominal do sujeito ou do complemento verbal...
Ah! Amo essa língua amorosa que me faz lembrar o amor.

Poesias de Momentos

Espelho

Pequena sou diante deste Universo,
Grande aos olhos do Criador,
Mágica aos olhos inocentes,
Cruel aos olhos perversos,
Fatal aos olhos da morte.

Com tudo isso,
E por tudo isso,
Não tenho a ambição de ser Tudo,
Nem tampouco o Nada,
Simplesmente quero apenas Ser.

Ser eu mesma,
E não o que querem que eu Seja.

Neli